14/02/2008





Na segunda-feira, no programa da RTP Quem Quer Ser Milionário, concorreu uma jovem licenciada e que falava 4 ou 5 línguas.


À pergunta: - Qual é o único órgão da União Europeia para o qual votamos? a concorrente pediu a ajuda dos 50/50.




As opções de resposta eram:

A - Parlamento Europeu

B - Nenhuma

C - Parlamento Português

D - Tribunal de Contas Europeu


Depois da ajuda, ficaram apenas as duas primeiras respostas. A jovem teve dúvidas e socorreu-se da ajuda do público. De todas as pessoas em estúdio 55% escolheu a resposta A, 45% a resposta B...


...


Que as pessoas não saibam o nome do Presidente do Banco Central Europeu eu percebo, mas que não saibam para que é que votam!!!! Considero triste (não me ocorre nenhuma palavra que expresse tão bem este sentimento) esta falta de interesse por assuntos que são fulcrais na vida das pessoas. Falta de interesse porque esta situação não advém de pouca informação ou má comunicação. Resulta só e tão só de uma total desesresponsabilização dos cidadãos face à forma como o seu mundo é gerido. Assuntos fulcrais porque os acontecimentos que se desenrolam em Bruxelas (e já agora, noutra escala, em Pequim, Tóquio, Nova Iorque ou Caracas) têm uma influência directa no nosso dia-a-dia, desde a quantidade de gordura dos pastéis de nata ao encerramento da mítica Ginginha no Rossio.


Quando os cidadãos não querem saber qual é a solução? E quais são as consequências?


A indiferença menoriza o debate. A ausência de discussão limita o resultado. Caminhamos para decisões mais pobres? Mais injustas?


Deixo o tema à discussão!


10 comentários:

  1. TAMBÉM FIQUEI ESCANDALIZADO...
    mas triste mesmo fico com os concorrentes que por la passam

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  2. Eh pá eu até comentava mas depois fico mal disposto... é triste :(

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  3. Cara ritinha,

    "A indiferença menoriza o debate. A ausência de discussão limita o resultado. Caminhamos para decisões mais pobres? Mais injustas?"

    Ora, quando o tratado europeu vai ser aprovado por ractificação parlamentar com o apoio dos dois maiores partidos portugueses (e do presidente da república ao que consta) como é que podemos esperar que exista discussão.

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  4. Francisco: E fazer o quê?

    Bruno: Amanhã comentas, aliás nos próximos 3 dias nãao vamos falar de outra coisa:)

    Jorge: Depois de ter assistido ao debate confesso que fiquei aliviada pela ratificação do tratado.

    Aproveito para deixar a notícia da realização, neste fim-de-semana, da Universidade Europa (iniciativa da JSD e do Grupo Europeu do PSD), que vai reunir meia centena de jovens para pensar sobre o que é isso de Europa. Podem ver o programa em: http://www.jsd.pt/unieuropa/

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  5. "confesso que fiquei aliviada pela ratificação do tratado."

    Mas aliviada porquê?

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  6. "Aproveito para deixar a notícia da realização, neste fim-de-semana, da Universidade Europa (iniciativa da JSD e do Grupo Europeu do PSD), que vai reunir meia centena de jovens para pensar sobre o que é isso de Europa."

    Sim, essas iniciativas tem a sua utilidade, mas no quê que contribuem para que a "jovem licenciada e que falava 4 ou 5 línguas" aprenda alguma coisa sobre a UE? Nada, porque o debate não salta cá para fora, fica reduzido aos partidos. E isto é especialmente gravoso quando os dois maiores partidos portugueses tem praticamente a mesma opinião sobre a UE.

    Em Portugal nunca ninguém gerou discussão séria sobre a UE, e eu que - se me perdoa a imodéstia - me sinto um tipo de certa forma informado, tenho muitas dúvidas sobre a vantagem e utilidade do tratado.

    E o pior é que se for perguntar à "jovem licenciada e que falava 4 ou 5 línguas" se é a favor da UE, ou do tratado, ela responderá imediatamente que sim - no entanto nunca saberá explicitar o porquê que é a favor.

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  7. Aliviada porque veio confirmar a minha suspeita de que os Portugueses não estão preparados para escolher/ decidir algo tão importante.

    É verdade que do resultado do programa televisivo não se podem tirar ilações directas mas é sugestivo que quase metade dos presentes não fizesse a mais pálida ideia de que já houve várias eleições para um órgão europeu.

    Se não sabem sequer em que é que votam como confiar-lhes uma decisão deste calibre? Provavelmente um referendo ia resultar num resultado negativo para a opção defendida pelo governo como forma de protesto.

    Trazer a questão europeia para a agenda, explicar e tornar acessíveis os processos que regulam a UE, totalmente de acordo, fazer um referendo sobre o assunto, só iria servir para empancar o processo de desenvolvimento da união.

    Quanto à utilidade ou não de iniciativas como a Universidade Europa, a posteriori a avaliarei, mas por princípio é extremamente útil na medida em coloca jovens a pensar estes assuntos. Não fica dentro dos partidos porque estes jovens, nos quais me incluo, participam activamente na vida social, profissional, nalguns casos académica e levam as reflexões para os meios onde se integram.

    Todas as iniciativas positivas, por mais isoladas que sejam enriquecem sempre o conjunto.

    Se me disser que lamenta o facto destas iniciativas não surgirem mais facilmente ou expontaneamente fora dos partidos, aí estou de acordo consigo. Mas isso não retira o mérito a quem as tem;)

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  8. "Se me disser que lamenta o facto destas iniciativas não surgirem mais facilmente ou expontaneamente fora dos partidos, aí estou de acordo consigo. Mas isso não retira o mérito a quem as tem;)"

    Eu começei por dizer: "Sim, essas iniciativas tem a sua utilidade" ;)

    "Provavelmente um referendo ia resultar num resultado negativo para a opção defendida pelo governo como forma de protesto."

    Com os dois maiores partidos a favor do tratado e o mesmo perdia? Então não seria somente uma forma de protesto em relação ao governo (seria ao sistema partidário no seu todo, seria?). ;)

    Depois a minha pergunta tinha outro motivo: alviada porquê? A ritinha responde:

    "Aliviada porque veio confirmar a minha suspeita de que os Portugueses não estão preparados para escolher/ decidir algo tão importante."

    Ok, mas porquê que os partidos tomaram a decisão de votar sim? O sim surgiu como uma inevitabilidade (e se houve explicações eu mal dei por elas), o que gera um efeito negativo sobre a capacidade de raciocinio do cidadão comum (se o cidadão já não estava preparado ainda menos preparado fica, começa a tomar o sim à UE como um dogma, e não como uma convicção baseada numa análise de opiniões divergentes - isto para não falar que o argumento da não preparação não cola, afinal de contas, esse mesmo cidadão é dado como preparado para eleger os deputados da nação).

    e ritinha - eu sei que sou chato - quando quiser mande-me dar uma curva, mas você é que disse: "Deixo o tema à discussão!" ;)

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  9. Começo por pedir desculpas pela minha ausência. De seguida cumprimento os presentes: Boas noites :-)

    Agora as respostas:

    cor de laranja: A Ginginha já reabriu:)

    Jorge a.: Não o mando dar uma curva, bem pelo contrário, é bom ter com quem conversar sobre estas questões;)

    Devo dizer que o fim-de-semana passado me permitiu fazer algumas reflexões e repensei o que aqui disse.

    Na verdade, os Portugueses sabem pouco de Europa e um referendo podia ter resultados pouco condizentes com aquilo que efectivamente os portugueses querem para si.

    Não obstante, a ratificação do Tratado é mais um contributo para a ignorância geral, uma vez que passa por cima da necessidade de debater os assuntos e explicá-los. E é isso que eu acho que neste momento faz falta: explicar a Europa às pessoas.

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